Fotografia e Literatura: escritas e gestos fotográficos no Brasil.
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Fotografia e Literatura:
escritas e gestos fotográficos no Brasil.
O que acontece quando a fotografia e a literatura se encontram? A fotografia é prova de algo? Ou uma forma de criar ficções? Qual o uso que a literatura brasileira faz da fotografia? Como os artistas visuais utilizam a imagem para criar uma “escrita fotográfica”? Partindo desses questionamentos, vamos investigar os conceitos de: “literatura fora de si” e “escritas fotográficas” da Natália Brizuela. Observaremos também quais as transformações que ocorrem nas séries fotográficas que utilizam escritas em álbuns de família, desenhos, escritas privadas e contos como uma forma de ampliar a noção de fotografia.
No curso teórico-prático apresento, discuto e trabalho com os participantes como as fronteiras entre a literatura e a fotografia foi borrada por escritores e fotógrafos. Na parte teórica do curso ofereço ao participante um panorama das obras literárias que passam a utilizar a fotografia como uma nova forma de escrita, afastando a fotografia de uma imagem ligada a um referente no “real” e aproximando a fotografia da escrita ficcional. Além disso, analiso a poética de artistas que utilizam a palavra como um gesto da memória, ou para refazer trajetos coletivos e individuais por meio da autoficção. A parte prática concentra-se na produção de exercícios temáticos, partindo dos temas de cada aula. Ao fim do curso, cada aluno terá direito a uma mentoria individual para desenvolver uma pequena série.
Conteúdo Programático:
Aula 1(duas horas)
Enquadrar na página livro?
Na primeira parte da aula, debateremos sobre a literatura brasileira, aproximando a fotografia da literatura e discutindo como essa aproximação descortinou novas poéticas fotográficas. Nesta aula, utilizaremos obras literárias que usam a fotografia, tanto como linguagem (fotografia narrada), quanto na forma de um ofício do fotógrafo. Trabalharemos o conceito de Literatura de Natália Brizuela, de modo a relacionar a cianotipia com essa perspectiva. Na segunda parte da aula, observaremos as poéticas de artistas que utilizam vestígios de escritas nos álbuns de família. Será debatida as formas de apropriação de arquivos familiares operados pelos artistas Erick Peres, Fernando Maia da Cunha e Eder Ribeiro, dando ênfase ao conceito de autoficção e memória. A ideia é compreender a imagem fotográfica também como um gesto da escrita familiar.
Parte prática: Construir uma foto/memória com o verso das imagens
Aula 2(duas horas)
Atravessar as dores com desenhos fotográficos
Na segunda aula, o foco recairá sobre artistas que usam contos, cartas, diários, registros escolares e crônicas de literatos para compor a sua narrativa de combate ao racismo, machismo, precarização escolar e homofobia, tendo como foco as obras das artistas Safira Moreira, Marilia Oliveira, Natália Araújo, Malu Teodoro, Priscila Burh e Aria Ceará. A última parte do encontro se concentrará nas artistas que utilizam o desenho aliado à palavra para tratar de imagens fotográficas, ou da materialidade da câmera fotográfica como um rastro de memória, partindo das obras de Keyla Sobral, Camila Fontenele e Júlia Machado.
Parte prática: Escrita como um grito
Para quem é este curso?
Interessados em literatura e fotografia.
Interessados em suportes e propostas expositivas.
Interessados em produzir séries fotográficas.
Interessados em Escritas.
Faixa etária: limite mínimo de 14 anos, sem limite máximo.
Materiais: Fotografias, álbuns de família, cadernos, cartas, diários, objetos
pessoais, celular, lápis e caderno.
sobre a facilitadora
Li Vasc. (1983) é artista visual e Mestre em Literatura e Interculturalidade pelo PPGLI(UEPB). Considera que toda palavra é imagem. Passou a captá-las das ruas, criando uma espécie de letreiro/poema. Para a artista, toda obra inicia na palavra, nos rascunhos e nos gestos, mas é na fotografia onde investiga um espaço artesanal de criação. Atualmente utiliza as raízes das plantas que curam abortos e inflamações vaginais como metáfora de cura para as mulheres que vivem em relacionamentos abusivos. Como deriva dessas experimentações, produz garrafadas com raízes e cascas, cujos rótulos recebem poemas oriundos dos relatos das violências de gêneros e abusos sofridos pelas mulheres da sua história de vida. As técnicas fotográficas que tem como base o uso da botânica a exemplo da cianotipia (impressão de Ferricianeto com a luz do sol na cor azul) e Fitotipia (impressão fotográfica diretamente na folha das plantas por processo de desbotamento da clorofila e luz solar), convergem com o tema caro da artista, o uso das plantas medicinais como uma forma de curar o passado.